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LIVRO:
DIGIBY E DEXTER
Autor:
AURIEL FILHO
Costumo
dizer que Digiby e Dexter é uma história atemporal apesar de ter
nascido a história nos anos 80. Quis retratar um pouco essa
atmosfera que envolvia essa década pelo menos para a minha e para
várias turmas onde trocavamos segredos e pensamento de liberdade
pessoal.
Com
toda sinceridade quero dizer que quando estávamos na adolescencia o
Brasil vinha saindo de uma ditadura e um processo continuo de
abertura política. Mesmo com a abertura política ainda existia um
sentimento de uma ditadura dentro da família, nas escolas e porque
não dizer da própria sociedade que via o seu status quo ameaçado.
A
turma de Digiby e Dexter são personagens que entendem toda essa
atmosfera política desse tempo, mas estão preocupados com coisas
peculiares das suas vidas como amizade, amor, falta de diálogo
dentro de casa e o mais importante escolher e decidir o rumo de suas
vidas após o fim de seus estágios dentro da escola.
Além
de Digiby e Dexter, fazem parte da turma a Mariana, o Jonny e o
Turcão. Todos esses são personagens do nosso cotidiano com suas
angustias, medo, solidão, que estão em busca de se libertar dos
seus fantasmas pessoais.
Mariana
menina rica que procura ser tratada como pessoa e não pelo que tem,
além disso tem problemas constantes com medicamentos e com os pais
que tinham mais tempo para os negócios do que para a família. O
Jonny um rapaz inteligente, contido, mas era quem colocava as coisas
da turma no eixo. O Turcão é um desses amigos que acredito que
todos tem. Turcão é puro coração, busca alegrar a turma quando a
nuvem cinza pairavam nas cabeças dos amigos. É otimista e se
diverte mesmo tendo que prestar contas o tempo todo por causa da sua
raça e religião.
A
década de 80 no qual estão envolvidos, tudo acabava girando na
discussão política, muitos que voltaram escreveram livros sobre
exilio, sobre a sua volta para o Brasil que tinha certa importância
pra eles, mas para os personagens que estavam no fim da adolescencia
e entrando na mocidade isso queria dizer pouco, pois queriam retratar
outras coisas que eram mais próximas das suas realidades. Por isso
líam poucos livros políticos e gostavam mesmo de escritores que
retratavam a busca pela liberdade humana em procura do seu próprio
eu pessoal como Kerouac, Ginsberg,Henri Miller, Herman Hesse e
Nietschie.
Eles
queriam viver, romper as barreiras, experimentar o novo, ousar, dizer
tudo aquilo que estavam sentindo em relação a família, aos amigos
e a sociedade. Queriam pegar a estrada e seguir em frente como On The
Road de Jack Kerouac.