sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Interrompe


Interrompe

você interrompe
cala minha boca
toda vez que sente medo
disfarça e me apronta

Não sei dos seus terrores noturnos
e nem o que esconde
mas sei que você me olha e me consome

Quero falar vê se me deixa
estou sem freio
na contra mão da Otávio Braga
olhos vidrados nos radares há mais de 100 por hora



Horas, Tempo


Horas, Tempo

Em segundos
Você sai sem me ouvir
Tanto tempo já passou
E não tenho notícias suas
Em minutos
Olho o relógio e me pergunto
O por que você não volta
Horas, Tempo
Horas, Tempo
Que acelera e me devora
Horas, Tempo
Horas, Tempo
Que se arrasta e me acorda
Só de manhã
Só de manhã

Coração da noite


Coração da noite

Coração
Coração
Coração da noite
Onde todos estão entrelaçados
nos bares da cidade

Coração
Coração
Coração da noite
Onde toda razão
se perde em nosso horizonte

Coração
Coração
Coração da noite
Não deixe de bater
não deixe de acelerar
todos os dias e todas as noites

Coração
Coração
Coração da noite



Ode ao espírito adolescente


Ode ao espírito adolescente
(Nesta noite)

Nesta noite
em Guarulhos quero brindar aos malditos
e a lua cheia alojada entre as estrelas

Nesta noite
quero deixar o espírito adolescente
emergir com toda força e fluir

Nesta noite
faço a oração da natureza
e elevo minha taça num
tin..tin..

Nesta noite pelas ruas e avenidas
o meu coração
continuará a pulsar
sempre que me lembrar da turma
que não estão mais aqui

Te dou


Te dou

Te dou
tudo que há de bom em mim
e também o mal que habita em mim
Mas saiba quero prefiro ser assim
do que inventar o que não sou

Te dou
as escapadas pela via dutra sentido Guarulhos
na bela cidade cinza
mas que é cheia de vida
pulsando e brilhando
como fogos de artifícios pipocando

Te dou
a minha luz e também as trevas
só assim posso usar de sinceridade
todas as vezes que falarmos de obscenidades


Entrevista para o Jornal Diário sobre o livro "DIGIBY E DEXTER"

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

DIGIBY E DEXTER

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LIVRO: DIGIBY E DEXTER

Autor: AURIEL FILHO

Costumo dizer que Digiby e Dexter é uma história atemporal apesar de ter nascido a história nos anos 80. Quis retratar um pouco essa atmosfera que envolvia essa década pelo menos para a minha e para várias turmas onde trocavamos segredos e pensamento de liberdade pessoal.

Com toda sinceridade quero dizer que quando estávamos na adolescencia o Brasil vinha saindo de uma ditadura e um processo continuo de abertura política. Mesmo com a abertura política ainda existia um sentimento de uma ditadura dentro da família, nas escolas e porque não dizer da própria sociedade que via o seu status quo ameaçado.

A turma de Digiby e Dexter são personagens que entendem toda essa atmosfera política desse tempo, mas estão preocupados com coisas peculiares das suas vidas como amizade, amor, falta de diálogo dentro de casa e o mais importante escolher e decidir o rumo de suas vidas após o fim de seus estágios dentro da escola.

Além de Digiby e Dexter, fazem parte da turma a Mariana, o Jonny e o Turcão. Todos esses são personagens do nosso cotidiano com suas angustias, medo, solidão, que estão em busca de se libertar dos seus fantasmas pessoais.

Mariana menina rica que procura ser tratada como pessoa e não pelo que tem, além disso tem problemas constantes com medicamentos e com os pais que tinham mais tempo para os negócios do que para a família. O Jonny um rapaz inteligente, contido, mas era quem colocava as coisas da turma no eixo. O Turcão é um desses amigos que acredito que todos tem. Turcão é puro coração, busca alegrar a turma quando a nuvem cinza pairavam nas cabeças dos amigos. É otimista e se diverte mesmo tendo que prestar contas o tempo todo por causa da sua raça e religião.

A década de 80 no qual estão envolvidos, tudo acabava girando na discussão política, muitos que voltaram escreveram livros sobre exilio, sobre a sua volta para o Brasil que tinha certa importância pra eles, mas para os personagens que estavam no fim da adolescencia e entrando na mocidade isso queria dizer pouco, pois queriam retratar outras coisas que eram mais próximas das suas realidades. Por isso líam poucos livros políticos e gostavam mesmo de escritores que retratavam a busca pela liberdade humana em procura do seu próprio eu pessoal como Kerouac, Ginsberg,Henri Miller, Herman Hesse e Nietschie.

Eles queriam viver, romper as barreiras, experimentar o novo, ousar, dizer tudo aquilo que estavam sentindo em relação a família, aos amigos e a sociedade. Queriam pegar a estrada e seguir em frente como On The Road de Jack Kerouac.